Sedac e Feevale promovem evento que discute a produção cultural na era das plataformas
Seminário refletiu sobre os impactos da plataformização na criação, distribuição e consumo de cultura.
Publicação:
Ocorreu nesta quinta-feira (30/10) o "Seminário Cultura e Plataformas Digitais: Perspectivas Globais", promovido pela Secretaria de Cultura (Sedac), por meio do Programa RS Criativo, do Instituto Estadual da Música (IEM) e da Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ), em parceria com os programas de pós-graduação em Indústria Criativa e em Processos e Manifestações Culturais da Universidade Feevale, com apoio do CNPq e da Associação dos Amigos da Casa de Cultura Mario Quintana. O evento teve como público-alvo estudantes, professores, pesquisadores, produtores culturais, gestores públicos e empreendedores criativos e foi realizado na Sala Luis Cosme da Casa de Cultura Mario Quintana, em Porto Alegre.
Ao abrir o evento, a coordenadora do RS Criativo, Juliana Sehn, enfatizou a importância de ações colaborativas entre Estado e academia para o desenvolvimento de projetos que contribuam com o fortalecimento do setor da indústria criativa, trazendo pessoas relevantes do cenário nacional e internacional que possam apresentar dados, pesquisas e ideias de inovação. “É a partir dos dados e pesquisas de representatividade dos setores que devemos nos basear e nos pautar enquanto estado, para criar políticas públicas, tão necessárias, de desenvolvimento e fomento dos setores da indústria criativa”, reforçou.
O professor Daniel Conte, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Processos e Manifestações Culturais da Feevale falou em nome da universidade: “Numa época em que as plataformas sociais servem mais ao fomento do ódio e à capilarização de preconceitos, é extremamente relevante a gente se reunir para discutir as plataformas digitais de uma perspectiva cultural”. A professora Paula Casari Kundari, diretora do Departamento de Relações Internacionais e Institucionais da Feevale, também esteve presente.
Dando seguimento ao seminário, ocorreu o lançamento do e-book “Produção Cultural em Plataformas Digitais no Brasil”, organizado pela professora Dra. Sandra Portella Montardo (Projeto Plataformização da Produção Cultural no Brasil, CNPq). A publicação aborda como as plataformas digitais — como YouTube, TikTok, Twitch e Instagram — influenciam e controlam as indústrias culturais e criativas. Elas moldam os modos de trabalho, a criatividade e até a cidadania dos produtores, impondo regras, modelos de negócio e lógicas baseadas em dados. Isso gera uma forte dependência dos criadores em relação às plataformas, que passam a definir como os conteúdos são produzidos, distribuídos e consumidos.
“O e-book reúne 22 pesquisadores de 7 universidades brasileiras interessados em compreender e caracterizar os processos no Brasil. Tudo que acontece por meio das plataformas digitais são atividades práticas transformadas por elas e isso não é diferente com a produção cultural”, destacou Sandra. Além da organizadora da publicação, três pesquisadores e coautores do livro falaram a respeito dos capítulos que participaram: Dr. Samyr Paz (Feevale), William Araújo (Ufrgs) e Dr. André Pase (PUCRS). A publicação está disponível, gratuitamente, no link.
O ponto alto do evento foi a palestra “Plataformas Digitais, Indústrias Culturais e Usuários: Dilemas de Poder e Agência”, com David Hesmondhalgh, que desenvolveu sua fala a partir de anos de participação no projeto fundado pelo Conselho Europeu “A Cultura da Música na Era do Streaming”. David é professor de mídia, música e cultura na Universidade de Leeds (Inglaterra), autor de obras de referência como The Cultural Industries (5ª edição, 2026) e Why Music Matters (2013).
Durante a apresentação, David analisou as plataformas digitais, destacando como elas transformam as relações entre produtores, empresas e usuários. Para o autor, essas plataformas não apenas distribuem conteúdo, mas reorganizam o poder e o valor na cultura digital. Ele ressalta que, embora as plataformas ampliem o acesso e a participação cultural, elas também reforçam assimetrias econômicas e simbólicas.
“O streaming tem diferentes formas em diferentes regiões e países. Bilhões de pessoas acessam regularmente músicas através de plataformas como Spotify, Apple Music e Amazon Music, no ocidente. No norte global, o streaming de música tem tido questões controversas como privacidade, fiscalização e padrões de uso compulsivos e não recompensatórios”, destacou David. Ele também comentou sobre a dificuldade para os músicos de se sustentarem a partir da gravação de música e também sobre pessoas culparem os algoritmos por limitaram gostos dos consumidores e responsabilizarem o streaming por causar deterioração da experência musical, através de uma escuta desatenta e individualizada.
Mais notícias
- Em torno de 20 pessoas em pé, na foto, com fundo de palco branco atrás, escrito Criatec e com a logo da Seduc
- Card com fundo branco e uma espécie de onda em amarelo. Na parte esquerda do card, um notebook aberto com a página do site do RS Criativo. No lado direito, escrito na cor preta: "Estamos de cara nova! Venha descobrir tudo de novo".
- Em palco, falando ao microfone, Secretário da Cultura, Eduardo Loureiro, com banner e telão ao fundo. Em sua frente, lateia sentada o observa atenta.
- Imagem com funco cinza, escrito em branco no centro: Aviso de Pauta. No canto inferior direito, o logotipo do Governo do Estado